quarta-feira, 14 de abril de 2010

fechadura

cheguei em nova iorque às onze e meia da noite, num inverno de rachar, e, no táxi, percebi que só tinha o nome da rua onde iria me hospedar, não o número do prédio. tinha também a chave da porta. o motorista não quis nem saber de me aguardar, nem de me levar até um telefone público, onde eu pudesse ligar para uma amiga que saberia me dizer o número. fui arrastando minha mala na neve até um telefone, liguei e ela não atendia. fui voltando para a rua e ainda parei alguém para pedir ajuda, mas a pessoa respondeu que não tinha trocado para me dar. voltei até a rua, deserta àquela hora da noite e comecei, arrastando a mala, a testar todas as portas de todos os prédios, dos dois lados da rua. depois de não mais do que vinte tentativas, uma porta abriu. era aquela. cinco anos mais tarde, eu defenderia meu mestrado com o título: "trouxeste a chave?". sim, esta eu sempre costumo levar. o problema é a fechadura.

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