quarta-feira, 13 de outubro de 2010

anjos

se houver mesmo anjos, não os imagino em outro estado que não tristes, apartados de qualquer possibilidade de adaptação, esta praga de uma civilização desaurada. e, entre os anjos que, mesmo não os havendo, sei que existiram, o maior deles foi bruno schulz, que, em um dos contos do livro "sanatório", fala de uma primavera que se fez côncava e vazia, naquele ano de sua infância, até que o personagem descobriu que sua concavidade se devia à revelação que a própria primavera lhe reservava: um álbum de selos. só os anjos conseguem ver as formas dos dias e, mais ainda, enxergar nelas sua razão de ser: a espera, ou a chegada de um presente.

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