terça-feira, 22 de janeiro de 2013

praia

acabo de ler um extenso ensaio da alan pauls sobre a praia. o ensaio é excelente, muito mais do que eu esperava, com a vantagem de que eu, neste momento, estou na praia e reconheço sensorialmente o que o texto comenta. coisas como o espírito gregário praiano, a igualdade de classes e a sensação esquisita da areia no corpo. alan pauls é um frasista barroco, obcecado por digressões num nível quase fetichista e o que seu ensaio quer, claramente, é recuperar algo de uma praia perdida na infància, que ele sempre freqüentava com o pai. e ele fica por um triz de chegar lá. mas na praia onde estou tem muitos coqueiros, muito vento e extensões vaziamente infinitas. então lembro de "coqueiro de itapuã: coqueiro; areia de itapuã: areia; morena de itapuã: morena" e sei que caymmi atravessou a angústia de atingir a coisa em si - que aliás nem devia sentir - e, sem mistério nenhum, disse e nos trouxe a coisa-praia.

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