quarta-feira, 4 de setembro de 2013

galinha

não tenho certeza absoluta do que vou dizer, mas vá lá. gosto de algumas coisas do "politicamente correto". por exemplo, acho importante que aqueles que eram chamados de "excepcionais" passem a ser chamados de "portadores de deficiência". também acho importante que as empresas sejam obrigadas a oferecer empregos a eles. mas tem alguma coisa nisso tudo - por exemplo, a rejeição ao fato de alex atala ter matado uma galinha ao vivo, na dinamarca - que, a mim, nascida nos anos sessenta, soa como um corte laminar do trágico na vida. o trágico não comporta o asséptico e eu não concebo a vida sem ele.

4 comentários:

  1. galináceos verdes, como o ócio, inventando cantos contra quem as condene, pela penugem fora do contexto...

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  2. deficiência é falta? incompletude? não é esquisito portar uma falta? é trágica a incompletude? a assepsia gera a tragédia? será que a galinha é mais feliz, sem fazer perguntas?

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  3. guardo uma vaga lembrança de uma galinha que percorria de perto o coração selvagem do livro de clarice Lispector. até hoje, parece que fujo daquela galinha. às vezes, consigo uma aproximação, já cheguei a ler até o final, mas sempre difícil a vertigem do medo de ler clarice. no galinheiro de Miguel Pereira, não lembro de sentir o medo. ao contrário. nem no trem. nem no breu da noite plena de vagalumes. mas da galinha da infância do coração selvagem continuo sentindo muito medo.
    os: o que é URL? AIM? OpenID?

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  4. li e lembrei. às vezes é bom lembrar, só às vezes: "é no trivial que está o trágico. como pode não estar: a grama do jardim é mesmo grama, a sopa da sopeira não esconde nenhum símbolo e o beija-flor é a negação do mistério." As Meninas (Lygia Fagundes Telles)

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