sexta-feira, 7 de março de 2014

ela

uma mulher arruma as escovas de dentes: a vermelha, no de geleia; a verde, no de requeijão. uma pasta para os dois. duas saboneteiras: vermelha e verde também. os nomes nas camisetas. estão dormindo. ajeita o cobertor, um pouco mais para cima. prepara um café e bebe. as sirenes pararam. ninguém diz que está tudo bem. está, ela sabe. sabe muito, ela.

Um comentário:

  1. júlia favaron magoulas8 de março de 2014 às 08:05

    ela sabe de muitas coisas. mas acorda todo dia, falando "como tudo é difícil". no saber das coisas de dentro da casa onde habita, mas não consegue morar, pergunta todo dia por alguma coisa que não consegue encontrar. às vezes ela surge e agradece. ela, feminino, singular. plural nos sentimentos que pergunta: por que? por que ela não é a ela que deveria ter sido? ela sabe, mas o saber não lhe basta ou melhor ele a oprime, tornando-a presa de um discurso levado a cabo nos anos deitados, sentados ou mesmo em pé, nos sofás, poltronas, cadeiras , buscando o que ela sabe. ela sabe que está cansada, muito cansada. nos ossos, na pele, na visão,no colchão. ela procura um lugar para colocar um anúncio que possa ser visto e quem sabe lido para compartilhar um jargão, um clichê, um lugar comum. pouco importa. não se sabe muita coisa, mesmo.

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