domingo, 9 de agosto de 2015

paranoia

eu era garota, tinha acabado de começar a dar aulas de português no meu primeiro emprego de verdade, quando a psicóloga da escola, mais velha e experiente, chegou para mim e disse: noemi, você é boa, mas precisaria ser mais paranoica. não explicou nada. entendi, um pouco depois, que a paranoia, supostamente, iria me salvar dos espertalhões, dos enganos e dos truques. que o que ela entendia como ingenuidade (que, para ela, era sinônimo de carência de paranoia (?)) iria me colocar, frequentemente, em maus lençóis. trinta anos mais tarde, ainda me lembro disso. calou fundo. e continuo discordando. não sou ingênua coisa nenhuma. nem tampouco paranoica. e uma coisa, fique você sabendo, psicóloga de meia tigela, não é o contrário da outra. muitas vezes, sua chata de galocha, a verdade é que é a melhor forma de mentir.

Um comentário:

  1. "a verdade é que é que é a melhor forma de mentir". pode ser a melhor forma de escrever um romance. mas dói.

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