terça-feira, 28 de junho de 2016

ovo

o rapaz me perguntou: noemi, o que você aprendeu na vida? não sabia responder. era como se não tivesse aprendido nada, nunca. quis que fosse assim, por um pouco. moço, nunca aprendi nada não. aliás, teve duas coisas, faz menos de uma semana: pica-paus podem voar de frente, de costas e até de ponta-cabeças e se um ovo boiar num recipiente com água, é porque ele está passado.

quinta-feira, 16 de junho de 2016

exceção

beira o ridículo o argumento de abrir um precedente, quando alguém pede que se abra uma exceção. "olha, eu até gostaria, mas não é certo abrir um precedente, porque daí todos vão querer". que papo furado! na verdade, a pessoa não quer e está usando uma desculpa, porque abrir um precedente é praticamente sinônimo de exceção e as exceções existem para serem abertas, senão não o seriam. e abrir exceções, ou precedentes, é uma das coisas mais humanistas e generosas que se pode fazer, porque levam em consideração a circunstância, a individualidade e a necessidade do outro, sendo que a regra desconsidera tudo isso. e não é verdade que, depois de aberta uma precedência, todos virão atrás, porque aquelas circunstâncias, que justificaram a exceção, não se repetirão. abram exceções, gente, pelamor!

domingo, 12 de junho de 2016

clãopsia

não quero que meus livros sejam reconhecidos como romances, contos, crônicas, poemas, memórias. quero chamá-los de: coisos, aporveitamentos (assim errado mesmo) ou então clãopsias. e mais: quero uma categoria nos concursos para clãopsias, prateleiras nas livrarias e críticos especializados. ou melhor: livrarias especializadas em clãopsias, cadeiras universitárias, professores, público, viagens internacionais. tudo onde todas essas pessoas falem só o que quiserem, palavras esquisitas, novas, inventadas e os prêmios sejam ou muito dinheiro, muito mesmo ou então nada: uma entrada para o playcenter, um vale-compras no shopping eldorado, um bumerangue. e todos se entenderão porque não haverá palavras específicas para as pessoas se entenderem e todas as palavras serão possíveis, inclusive "ao nível de", "eu enquanto pessoa" e "o quid da coisa".

sábado, 4 de junho de 2016

etiqueta

etiqueta é a pequena ética e, por isso mesmo, existe nela algo de anti-ético, já que a ética não combina com coisas pequenas. a etiqueta do facebook, não declarada e, em muitos casos, extremamente anti-ética, me irrita e cansa. prefiro, na medida do possível, curtir e comentar os posts de que gosto, independentemente da pessoa que o postou. mas isso, fui aprendendo, é perigoso. espero ansiosamente que determinadas pessoas curtam algumas coisas que posto, já que imagino que o conteúdo tem muito a ver com ela, mas é em vão, porque a pessoa é orgulhosa e não abre mão de alguma etiqueta que ela mesma inventou e que ignoro. quer saber, etiqueta? vai tomar banho.